Depois de influenciar a moda e a decoração, a tendência vintage está influenciando as motocicletas”, explicou Shun Miyazawa, gerente de produtos da Yamaha na Europa. Vestido com camisa xadrez, colete e boina à moda antiga, Miyazawa foi um dos responsáveis por renovar a naked XJR 1300, um dos lançamentos da fábrica japonesa no Intermot 2014, o Salão de Motos de Colônia (ALE). Buscando inspiração nas linhas clássicas de antigos modelos esse retorno ao passado chegou com força total também no setor de duas rodas.
Embora conserve o visual clássico e seu enorme motor de quatro cilindros em linha com refrigeração ar, a “nova” XJR 1300 não está exatamente igual ao modelo original. O escapamento foi pintado de preto, as tampas laterais de alumínio lembram as usadas nas motos de corrida dos anos 1970 e o banco é solo.
Do “quintal” para a linha de produção
Nos últimos anos, a Yamaha tem trabalhado com diversos customizadores profissionais para criar uma série de conceitos chamados de “Yard Built”, algo como “construída no quintal”. Essa experiência trouxe muita inspiração para o departamento de desenvolvimento de novos produtos da fábrica japonesa que incorporou o design dos customizadores a suas criações.
“Fomos inspirados pela releitura que as pessoas faziam de seus velhos modelos para renovar a XJR 1300”, revela Miyazawa. Essa inspiração também deu origem a XJR 1300 Racer, uma versão com carenagem de fibra de carbono e semi-guidões, como os usados nas motos de pista antigamente.
Releitura
A XJR 1300 manteve-se fiel ao conceito do modelo original de ser uma moto com cara de moto, ou seja, uma moto nua e crua. Bonita e ao mesmo tempo funcional. “O farol sem carenagem está ali para iluminar. O tanque, para carregar combustível, enfim nenhum item está ali por acaso. Todos têm um propósito”, explicou-me Miyazawa no lançamento do modelo. E as personalizações tiveram um importante papel nessa renovação da XJR.
A principal mudança estética está no tanque: em vez do enorme reservatório de 21 litros do modelo original, um novo, mais estreito e com capacidade para 14,5 litros foi construído. Uma alteração prática que, além de melhorar o encaixe das pernas, foi possível graças ao sistema de injeção eletrônica de combustível que dosa melhor a mistura ar-combustível entregue aos quatro cilindros em linha.
Com 1.251 cm³ de capacidade, o tetracilíndrico tem arrefecimento a ar, duplo comando de válvulas (DOHC) e quatro válvulas por cilindros. Embora tenha cabos de velas e cachimbos vermelhos à moda antiga, seu desempenho é atual: produz 98 cavalos de potência máxima a 8.000 rpm e bons 11,1 kgf.m de torque máximo a 6.000 rpm.
Outra atualização bem-vinda foi feita nas suspensões. O garfo dianteiro tem tratamento DLC (Diamond-Like Carbon) nos tubos internos para proporcionar um funcionamento mais progressivo. Já o sistema bichoque da balança traseira ganhou o reforço dos amortecedores Öhlins com reservatório a gás e ajustáveis.
Um largo guidão de alumínio, banco solo, uma espécie de numberplate (placa de numeral) de alumínio e o sistema de escapamento 4-2-1 com uma ponteira preta completam o visual de moto customizada de fábrica. Disponível nas cores azul/branca, cinza fosca e preta, a Yamaha XJR 1300 tem preço sugerido de 10.390 Euros, na Itália, ou cerca de R$ 35.000.
Versão café racer
Também influenciada pela moda café racer e pela Eau Rouge, uma XJR 1300 customizada pela famosa oficina Deus Ex-Machina, a Yamaha lançou também uma nova versão da XJR 1300, chamada de “Racer”. Com as mesmas especificações da naked, porém com um visual de moto de pista dos anos 1970, a Racer traz uma carenagem de fibra de carbono cobrindo apenas o farol e os mostradores redondos do painel. Há ainda uma capa do banco no mesmo material.
Para reforçar a proposta “café racer” a nova versão traz dois semi-guidões ao invés do guidão largo e elevado do modelo base. Dessa forma, oferece uma posição de pilotagem mais esportiva e condizente com as motos de corrida de antigamente. Vendida também em três opções de cores, a XJR 1300 sai por 11.590 Euros, algo em torno de R$ 38.000, também na Itália.
Embora a onda vintage esteja fazendo a cabeça dos motociclistas na Europa e no Japão, a moda ainda não desembarcou no Brasil, pelo menos não oficialmente, pois as fábricas aqui instaladas não trazem modelos com essa inspiração. Isso é uma má notícia aos motociclistas brasileiros mais nostálgicos. Não há previsão e nem planos da Yamaha de trazer a XJR 1300 e nem sua versão Racer para o País.
Fonte moto.com
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